28 de outubro de 2010

Eu só

Eu não tenho mais emendas,
Não tenho mais cobertas.
Meu amores são retalhos,
Nesse quarto de costuras,
Nos cantinhos,
Nos armários.
São pedaços,
Minhas rupturas,
Meus quadros sem molduras
Nessa aquarela da vida.
Neste peito sem rechaços,
Não escasso,
Sem feridas.

Recife, 28 de Outubro de 2010.

Reticências

Tenho na vida algumas histórias sem fim...
Inacabadas...
Alguns amores que deixei para trás...
Sem a certeza de que realmente seria infeliz...

Recife, 28 de Outubro de 2010.

18 de outubro de 2010

Lembranças

Lembrei dos nossos vinhos;
Dos nossos cigarros;
Das nossas músicas;
Dos nossos olhares.
Lembrei de cada detalhe das nossas melhores madrugadas.
Lembrei de como você adormecia em meus braços quando tudo isso terminava.
Tentei lembrar o que sentíamos...




Talvez seja tarde.

Recife, 18 de Outubro de 2010.

Da inevitabilidade do amar e sofrer

Desde que aprendi a andar,
Desde que aprendi a ser,
Percebi que minha sina é viver para sofrer.

Todo homem quando nasce,
Quando a vida aprende a ver,
Reconhece que sua missa é amar para viver.

Diferente não seria,
Minha vontade, meu querer.
O meu lema nesta vida é apenas um:
Verdadeiramente viver!

Amar, amar, amar.
Sofrer, sofrer, sofrer.

Recife, 2010.

17 de outubro de 2010

A verdade

A verdade é que eu nunca te amei. E você me fez um favor obstruindo os caminhos e desviando minhas atenções com suas traições. Pensei ainda, em breves instantes, que o rancor por sua canalhice havia se confundido com amor. Quisera você - eu ter esquecido o amor e tivesse acreditado em nosso relacionamento-mentira. A verdade é que você foi meu cano de escape, minha razão para tentar esquecer o outro e a salvação para minha capacidade de re-amar. A verdade é que nosso sexo era sem graça, tua dicção era um lamento e tudo isso um prêmio de consolação por todos os amores que eu havia perdido. Por toda cultura, por todo carinho, por todo sexo bem feito que eu fui obrigado a esquecer, após um dia ter amado de verdade. Por todos os lamentos que por livre e espontânea vontade me permiti ao teu lado e que me fizeram merecer alguém tão pequeno quanto você. A verdade é que derramei algumas lágrimas por ti, quando já não tinha certeza de meus valores corrompidos pela ceguidão que me adiantava. A verdade é que também derramei tantas outras lágrimas em um ato de auto-compadecência pela minha errônea escolha, tão óbvia e tão irreversível, a ponto de me fazer cair em desespero. A verdade é que nem tudo foi verdade - o sexo supostamente prazeroso, os gostos distantes, as lágrimas que derramei por outros motivos e medos, as falsas declarações de amor, os bilhetes que nunca te escrevi. A verdade é que tu não despertou meu verdadeiro eu, meu romantismo, minha entrega autruista e jamais tivesses meus carinhos como tantos outros tiveram um dia. E se para tu foi muito, saiba que muito mais eu já havia dado em outros tempos, a outrem. A verdade é que você foi tolo - não por me perder - mas por perder o pouco que você já era. Por perder o respeito que você poderia ter construido para si mesmo. A verdade é que a tua vergonha é maior do que tua própria força para reconstruir, que a tua desrazão te dá razão para me diminuir a uma escala que eu jamais poderei alcançar, porquê somos tão diferentes que o patamar que tu se encontras é para mim desconhecido, embora eu possa perfeitamente compreende-lo. A verdade é que eu resolvi não guardar tuas verdades e optei por escancarar as vergonhas que descobri no pouco tempo que me permiti ao seu lado. A verdade é que por isso, tu vais sempre me odiar. E embora eu não te odeie - apenas lamente - eu irei sempre fingir, para não perder o costume da nossa história.

Recife, 01 de Setembro de 2010.

5 de outubro de 2010

Reconstruindo sonhos

Não importa quantas ondas derrubem nossos castelos,
Haverá sempre areia suficiente para reconstruí-los.

Recife, 05 de Outubro de 2010.