18 de junho de 2010

Terminou em Pizza

Reconstruir intimidade me dá preguiça.
É como ir à guerra sem conhecer o inimigo.
Voltar a ter pontos fracos,
Sem armas ou armaduras.
Me dá preguiça recomeçar. Ser um "só" acompanhado.
Escolher um filme sem saber se ele gosta de drama ou ação;
Em que lado da cama prefere dormir;
Se beijos no ouvido lhe inspiram sexo
Ou agonia;
Se ele gosta de cafuné.
Me dá preguiça perguntar se a cebola da pizza de calabresa
Ou se as azeitonas na mussarela estão ok.
Não me atiça a curiosidade.
Opto pela Coca Zero, para ser neutro.
Nestas horas, aposento os Colombos e os Cabrais,
Sou só preguiça.
Não quero descobrir, não quero desbravar;
Não quero sequer remar.
Aporto meu navio nestas terras longínquas,
Neste novo mar,
E me sinto só.
Só saudade de "casa":
De onde me sinto à vontade;
Onde tiro meus sapatos sem cerimônia.
Sinto saudade de não ter vergonha de minhas vergonhas
E poder deixar a louça para mais tarde.
Sinto saudade de você -
Meu lar, meu mar, meu par.

Recife, 28 de Julho de 2009.

Dos erros

Como seria se a vida fosse só de acertos?
Haveria lição?
Haveria perdão?
Haveria graça sem trapaça,
Sem pirraça,
Sem redimissão?
E se fosse uma estrada plana,
Um caminho só de ida,
Marcha definida,
Sem contramão?
Para que sinalização?
Cuidado!
Coração errado!
Atenção!

A graça da vida está nos erros,
Nos segredos,
Nos senãos.
Nos possíveis acertos,
No refrão.
Cair no mesmo buraco,
O mesmo bordão.

Só assim se faz o meio,
A teoria,
A definição.
Na vida só de acertos não haveria vida,
Choro,
Tesão.
Jornada sem graça,
Sem coro de lamentação.
A vida seria muda,
Morta,
Sem canção.

Que rufem os tambores, então!

Recife, 18 de Junho de 2010.