27 de abril de 2012

Broto amor

É como se fosse uma pequena planta;
Que aos poucos a gente vai regando.
{
Aduba;
Poda;
Bota num xaxim.
}
E quando menos se espera,
A gente tem um jardim.

Recife, 14 de Abril de 2012.

26 de abril de 2012

Sobre voltas e recomeços

Eu não acredito neste negócio de sempre seguir em frente.
É muito objetivismo para uma vida que é tão subjetiva;
Tão cheia de possibilidades.
Eu acredito nas pausas, nos retornos, na marcha à ré.
Na contramão, inclusive, se necessário.
Às vezes é preciso voltar, mesmo que seja para ver que nada mudou e que seguir em frente é o melhor caminho.
É que acreditar que o fim é necessariamente o fim, é como perder o desapego pelo começo.
É como se não valesse a pena nem começar.
Por que tudo termina -
É fator irrevogável da vida.
Mas em cada pequeno instante em que tudo começa e termina,
Também nos é dada a mágica possibilidade de fazer diferente.
De voltar atrás;
De consertar;
De reescrever;

De reviver.
Quem diz que sempre segue em frente, não tem esperança na vida.
Não sabe ser.

Recife, 26 de Abril de 2012.

15 de abril de 2012

Amoreterno

Eu sempre acreditei no amor-pra-vida-toda
No felizes para sempre
Naquele amor-de-cadeira-de-balanço
Amor-de-chá-da-tarde
Doce de jaca
Naquele amor-compota
Eu sempre acreditei naquele amor-chochilo-após-o-almoço
De novela das 06
De chinelo de pano
Naquele amor-dentadura
Amor-de-casa-cheia-de-netos-no-domingo
Amor-farto-e-gordo
Naquele amor-artrose
Naquele amor-diabetes
Naquele amor-catarata
Eu sempre acreditei naquele amor-que-todo-mundo-sonha
Naquele amor-que-todo-mundo-morre
E mata
Eu sempre acreditei naquele amor-de-invejar
Naquele amor-gagá


Recife, 15 de Abril de 2012.

10 de abril de 2012

Café-com-leite

É tarde da madrugada
Meu peito urra
Pede arrego
O silêncio bagunça minha casa
Desordenado
Ensurdecendo
Não sei como
O que antes era harmonia
-
Me levanto para tomar um café
Um café com pão de ontem
Como o nosso amor
Coado
Requentado pelas circunstâncias da vida
Mas que ainda aquece
Ainda serve de fonte para alimentar meus sonhos
-
Ouço um mensageiro dos ventos
Em alguma varanda
Que me insiste em ninar
Tão só e tão triste
Cantando para ninguém
-
Mas a fumaça do cigarro me traz lembranças tuas
E isso me inquieta
Lembro da gangorra da minha infância
Das fogueiras de São João
Dos traques-de-massa
Do tempo em que meu peito era café-com-leite
Sem rechaça
Sem preocupação


Recife, 11 de Abril de 2012.

3 de abril de 2012

Quando fui chuva

A chuva pinga lá fora
E aqui dentro uma enchurrada de incertezas me devora
Me recordo de outros tempos
Dos amores de outrora
Lhes comparo com o amor de agora
A chuva pinga mas só molha lá fora
Aqui dentro também pinga
Mas é meu peito que chora

Recife, 04 de Abril de 2012.