30 de novembro de 2010

(r)Evolução do peito

Foi tudo tão imprevisível, tão imprevisto;
Anti-romantismo, talvez, até me arrisco dizer.
Não precisou de flores, de gestos, de dores - nada que se fizesse entender.
Simplesmente aconteceu, ali, naquele dia tão coloquial.
Tão blasé.
Sem precisar de santo, cupido, ninguém.
Sem precisar de um vintém.
Quisera ele saber que seria o seu grande dia, derradeiro porém.
Vi que a paz que ali reinava estava por cessar.
Clamava por alguém.
Ouvia os gritos de uma (r)evolução, de arruaça.
Mas acontecia dentro de si - de mais ninguém.
Não era motim, não era estopim, não era nada em particular.
Era o seu peito chacoalhando, implorando,
Pronto para amar.

Recife, 15 de Dezembro de 2010.

Esquecido eu

Minha verdadeira essência permanece, adormecida.
Ela faz parte de alguma parte do meu eu perdido,
Esquecido por mim mesmo nas desilusões do tempo.
Às vezes consigo reencontrá-lo em raros momentos de descuido,
Em que sutilmente me esqueço quem eu me tornei.

Recife, 30 de Novembro de 2010.

23 de novembro de 2010

Alguma coisa acontece no meu coração

Dediquei à ti meus pensamentos,
Pelas ruas da São Paulo que passei.
Rememorei histórias, versos, surpresas, replays.
Refiz a trajetória de um amor inconformado,
Das idas e vindas deste meu coração freguês.
Pelas ruas de São Paulo
Te refiz, te requis, te recriei,
E notei que foi tão pouco o nosso amor
Pro tanto que eu te amei.

Recife, 25 de Novembro de 2010.

Perdidismo

Eu não sei bem a que pertenço, qual parte dessa vida me faz parte, me faz ser.
Eu não sei bem a quem pertenço nem se a alguém deveria pertencer.
Eu vivo mesmo meio perdido, eis a verdade, busco o porquê.
E esse perdidismo só me faz crer que muito ainda hei de viver.

Recife, 24 de Novembro de 2010.

16 de novembro de 2010

Bloon

O teu sorriso e o teu olhar foram meu convite à chegada,
Teu beijo inesperado minha certeza do ficar.
Tu, sempre me olhando - lá de cima, desconcertado,
Eu, também olhando, nem esperava me encantar.

Sinto falta dos teus olhos na incerteza dos enganos,
Que nem toda inocência carregava mais.
Teus 20 anos de malícia não estavam nos meus planos,
E talvez por isto tenha sido tão fugaz.

Hoje, incertos, na certeza da incerteza,
Somos dois errantes, nos olhando sem ter paz.
Assim, segues teu caminho, se enganando na tristeza,
E eu, sempre te olhando, com um ar de quem quer mais.

Recife, 17 de Novembro de 2010.

Silêncio e Coca

Já é quase dia
E a poesia que se aninha dentro de mim
Inquieta.
Querendo sair, querendo gritar,
Descompasando a exatidão deste silêncio
Que sofre madrugada a dentro,
Desperta.
Já é quase dia
E o cigarro me faz companheiro com meus goles de Coca.
Nada mia,
Nada pia,
Tudo choca.

Recife, 17 de Novembro de 2010.

12 de novembro de 2010

Meus presentes

Todas minhas histórias são presente,
Não há como deixa-las no passado.
Declarações que não esqueço,
Momentos de apreço,
Sentimentos que não podem ser renegados.
Todas minhas histórias são presentes,
E não se devolve o que um dia lhe foi dado.
Todas as histórias são memória,
Da grandeza de se ter amado.

Recife, 12 de Novembro de 2010.

3 de novembro de 2010

O amor em festa

A chegada do amor é o momento mais esperado de nossas vidas.
De nossas festas.
É a comunhão do bolo nas comemorações.
A chegada do amor é o que não come pelas beiradas.
Ataca o recheio, a cereja.
E desenfeita,
Em um processo de desconstrução consentido.
À chegada do amor é a nossa única concessão ao miolo,
Sem desapetecer as fatias.
É nossa melhor entrega.
De todas, a mais precisa.
Porque o amor quando chega não deixa margens,
Sequer dúvidas.
Ele é.
O dono do primeiro pedaço,
Que chega faminto, urgente, pidão,
Sem qualquer educação que lhe permita esperar o parabéns.

Recife, 03 de Novembro de 2010.