26 de março de 2012

Despedida

É chegada a hora da partida;
Somos de novo metade - à parte;
Parte desunida.

É chegada a hora da ida,
Do adeus.
Nossas vidas desprendidas;
Desunido eu.

{Abraço de despedida;
Gosto de missão cumprida;
Sentimento em apogeu.}

É chegada a hora mais sofrida:
Peito sem saída;
Coração sem vida;
Eu sem meu Romeu.

Recife, 26 de Março de 2012.

21 de março de 2012

Sei lá

Sei lá...
É difícil falar sem caretice,
Explicar esse sentimento sem qualquer meninice,
Sem qualquer inocência de verdade.
Sem um tom desamparado,
Sem sentir feito adolescente o peito pulsar de ansiedade.

Sei lá,
É estranho sentir sem poder tocar.
É estranho só de imaginar.
Tua boca na minha,
Tua pele na minha,
Nossos corpos se comendo nesse sentimento singular -
Nosso roçar.
É estranho só de pensar, sei lá.

Mas aconteceu,
E não era de se esperar.
Bela surpresa, presente, apogeu:
Nossos olhos se cruzaram,
Nossos caminhos se entrelaçaram,
Eu de você - você de eu.

Seu inesperado bom dia,
Nossa conversa que ia, fluia.
A boca que sorria,
O olho que irradia,
Algo que, sei lá, lá dentro mexia.

E agora, de nós o que seria?
Sei lá.
Só sei que alguma coisa acontece,
Um turu-turu que enobrece,
Que aquece.
Que me faz querer mais - pedir bis -
Ser tiete.

Num instante em que nada existia,
E aqui dentro se fazia calmaria,
Algo chegou para inquietar - me fez gozar.
Me perguntei o que seria,
Me questionei se deveria,
Mas era muito simples para tanto questionar,
Para tanto penar.

Você apareceu
E eu não tive escolha,
Sei lá...

Recife, 22 de Março de 2012.

6 de março de 2012

Sobre jardins e estações

É na polpa do peito que está o jardim de cada um.
É onde tudo brota,
É onde tudo morre,
No decorrer das estações que chamamos viver.
Já vi muitas flores desabrocharem, sorrindo para mim,
Perfumadas na melhor estação que podemos também chamar amor -
Nossa primavera.
Já colhi muitas que perfumaram minha casa,
Enfeitaram minha morada, meu eu.
Que me deram a segurança de uma temporada farta,
Gorda.
Dos quais colhi frutos e também plantei, aos montes.
Já encontrei alguns prontos, bem cuidados, coloridos.
E também já precisei plantar sementes e mudas,
Regar, podar, e com paciência e cuidado esperar seu resultado,
Seu brotar,
Seu momento-fim de nos alimentar.
-
Mas aprendi que nem toda terra está pronta para ser jardim,
Para ser pomar.
Que não adianta colocar adubo, não adianta se dedicar.
Às vezes, o querer não basta.
Aprendi que em alguns lugares, por mais que tentemos,
Ainda é inverno.

Recife, 06 de Março de 2012.