10 de abril de 2012

Café-com-leite

É tarde da madrugada
Meu peito urra
Pede arrego
O silêncio bagunça minha casa
Desordenado
Ensurdecendo
Não sei como
O que antes era harmonia
-
Me levanto para tomar um café
Um café com pão de ontem
Como o nosso amor
Coado
Requentado pelas circunstâncias da vida
Mas que ainda aquece
Ainda serve de fonte para alimentar meus sonhos
-
Ouço um mensageiro dos ventos
Em alguma varanda
Que me insiste em ninar
Tão só e tão triste
Cantando para ninguém
-
Mas a fumaça do cigarro me traz lembranças tuas
E isso me inquieta
Lembro da gangorra da minha infância
Das fogueiras de São João
Dos traques-de-massa
Do tempo em que meu peito era café-com-leite
Sem rechaça
Sem preocupação


Recife, 11 de Abril de 2012.

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