3 de maio de 2012

Por que amor?

Por que crescemos racionais e humanos à espera de alguém?
Por que, quando e onde surgiu este conceito de necessidade agregada que se espalhou pelos quatro cantos e culturas do mundo?
Por que somos culturalmente impostos a acreditar que nosso objetivo-fim nas relações é o amor eterno?
Por que somos levados a acreditar que falhamos quando este objetivo não é alcançado por qualquer infeliz desvirtuosidade da vida?
Por que o pensamento mais aterrorizante para uma mulher é a possibilidade de ficar para titia?
Por que nosso maior medo é o de envelhecer sozinho?
Por que quando cortamos o cordão umbilical afetivo-dependente com nossa mãe, procuramos imediatamente outro alguém de quem possamos depender?
Por que não podemos nos relacionar apenas para procriar e suprir a nossa necessidade sexual?
Por que nutrimos relações que intrinsecamente já carregam consigo sentimentos negativos, como o ciúme e a posse?
Se relacionamento é tão bom, por que temos relações monogâmicas?
Por que não se relacionar com várias pessoas ao mesmo tempo?
E se nosso objetivo é o amor monogâmico, por que traímos?
Por que este ato é tido como traição?
Se nascemos livres, por que devemos pertencer apenas a uma pessoa?
Por que devemos pertencer a alguém?
Por que devemos seguir regras para se relacionar?
Se não mandamos em nosso coração - se somos instintivos no amor - por que não podemos amar e nos relacionar livremente?
Por que isto é errado?
Por que precisamos nos relacionar, em primeira instância?
Por que somos levados a acreditar que alguém irá nos completar, e não nos anular?
Não nascemos completos?
Por que achamos a paixão - que é o desejo de ter alguém de acordo com nossos padrões - um desejo nobre?
Por que enxergamos o romantismo como algo altruísta e não como um condutor para massagear nosso ego, nos fazer feliz pela suposta felicidade alheia?
Se a felicidade do outro é tão importante, por que temos tanta dificuldade em aceitar quando alguém rompe laços amorosos com a gente?
Por que nos cegamos para o egoísmo presente em todas as relações amorosas?
Por que só nos relacionamos com pessoas que são como sonhamos e queremos que elas sejam?
Por que não nos relacionamos com pessoas que não temos interesse sexual?
Por que o sexo é fator condutor para que qualquer relação engrene?
Por que não podemos amar e se dedicar a uma pessoa e ter sexo descompromissado com outras de forma livre?
Por que temos tanta dificuldade de encarar os lados negativos do amor, como o direito de posse por uma vida alheia?
Por que julgamos relações com interesse material, se toda relação é baseada em uma troca de interesses de natureza sentimental?
Por que suprir o interesse sentimental é mais nobre do que o material, se todas são relações de interesse da mesma forma?
Por que não questionamos o amor, apenas vivemos?
Por que quando se trata das relações amorosas, não percebemos o quão difícil é se relacionar com outro ser humano e as encaramos a toda e qualquer circunstância?
Por que dificilmente enxergamos os benefícios de sermos sós e livres, sem a interferência de outro?
Por que não nos é dada, de forma natural, a possibilidade de construir uma vida com alguém ou de não fazê-lo?
Por que ninguém nos diz que podemos ser sós?
Por que não podemos ser sós?

Se você conseguir responder a todos estes questionamentos, lhe será concedido, por você mesmo, o direito de ser feliz em paz com o amor.



Recife, 03 de Maio de 2012.

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